Celular nas escolas: ferramenta de aprendizado ou distração?
Uma discussão global ganha força: o uso de celulares nas escolas. Iniciativas surgem para proibir parcial ou totalmente o uso por alunos e educadores, levantando debates sobre seu impacto na educação.
Um estudo da Nexus – Pesquisa e Inteligência de Dados, realizada em outubro de 2024, revela que a ampla maioria da população brasileira (86%) é a favor de algum tipo de restrição ao uso de celular dentro das escolas. Entre os jovens de 16 a 24 anos, o apoio à proibição, em algum grau, é o mais expressivo. No entanto, esse grupo apresenta menor adesão à restrição total em comparação à população geral, evidenciando uma preferência por medidas equilibradas em relação ao uso da tecnologia no ambiente escolar.
À medida que avança o debate sobre a imposição de algum tipo de restrição, fica clara a tendência das pessoas de aprovarem a medida. Isso é um sinal claro de que há forte preocupação dos pais, dos próprios alunos e também da população em geral com o tema, caso contrário não teríamos 86% de aprovação à alguma medida. Há uma clara percepção de que algo deve ser feito para evitar o uso excessivo de celulares nas escolas, a fim de preservar o processo de aprendizagem.
— Marcelo Tokarski, CEO da Nexus.
Um artigo do The Wall Street Journal aborda os efeitos das interrupções no ambiente de trabalho. Estudos acadêmicos revelam que trabalhadores de escritório são interrompidos — ou se autointerrompem — em média a cada três minutos, seja por distrações digitais ou interações humanas.
Segundo uma pesquisadora da Universidade da Califórnia em Irvine, especialista em distrações digitais, “uma vez desviados, os trabalhadores podem levar cerca de 23 minutos para retomar a tarefa original”, destacou Dra. Gloria Mark, em entrevista ao jornal norte-americano.
Publicado em 2012, o texto antecede a grande popularização das redes sociais e aplicativos de mensagens, ferramentas que hoje fazem parte do cotidiano, inclusive de crianças e adolescentes. Ao considerar o impacto dessas distrações no trabalho, é possível estimar o efeito no ambiente escolar, especialmente na educação básica, onde os estudantes estão em fase de desenvolvimento e aquisição de conhecimento.
No estudo do Pisa 2022, foi identificado que o uso excessivo de celulares entre estudantes brasileiros afeta negativamente o desempenho acadêmico, especialmente em matemática. O desempenho dos alunos que passam menos tempo no celular é superior aos daqueles que passam mais de cinco horas no aparelho diariamente. Especificamente, aqueles que utilizam o celular por até uma hora por dia apresentam um desempenho 49 pontos superior em matemática. Além disso, cerca de 40% dos estudantes relatam perder a concentração devido ao uso do celular por colegas durante a aula.
Há quase uma década, tramita no Brasil um Projeto de Lei que busca proibir o uso de aparelhos eletrônicos portáteis, como celulares e tablets, nas salas de aula da educação básica e superior. O texto prevê exceções para situações em que os dispositivos integrem atividades pedagógicas e tenham autorização dos professores.
Esta exceção, para o uso educacional, vai de encontro com 32% dos entrevistados da pesquisa Nexus, que acreditam que o uso do celular deva ser permitido apenas em atividades didáticas e pedagógicas, mediante autorização prévia dos professores. Afinal, quando a tecnologia é inserida sem estratégias pedagógicas, pode se tornar um desafio.
Embora o uso inadequado de celulares possa impactar a concentração, não deve ser um impeditivo para o uso da tecnologia na educação. Quando utilizada exclusivamente como ferramenta pedagógica, a tecnologia tem o potencial de enriquecer o aprendizado, promover o engajamento e, aliado a metodologias ativas, desenvolver habilidades digitais e comportamentais nos estudantes.
Não se pode ignorar que a tecnologia está profundamente integrada ao cotidiano das pessoas. Dominar seu uso de forma responsável e eficaz é fundamental para o desenvolvimento escolar, pessoal, profissional e para a construção de uma cidadania digital consciente, capaz de lidar com os desafios e oportunidades de um mundo conectado.
A solução para a educação básica está em integrar a tecnologia de forma planejada e intencional, garantindo que ela seja uma aliada no processo de ensino e aprendizagem, como exemplificado pelo programa SIMROBÓTICA®, que utiliza a tecnologia para fomentar o raciocínio lógico, a criatividade e a colaboração entre os estudantes.
Saiba mais sobre o programa SIMROBÓTICA® em siminova.com.br/simrobotica